CONECTADOS, MAS NÃO LETRADOS: ANALFABETISMO FUNCIONAL DIGITAL E OS DESAFIOS DO ENSINO REMOTO NO BRASIL
FUNCTIONAL DIGITAL ILLITERACY AND THE CHALLENGES OF REMOTE TEACHING IN BRAZIL
Palavras-chave:
Analfabetismo funcional digital, Ensino remoto emergencial, Exclusão digital, Letramento informacional, ; Tecnologias digitais de informação e comunicaçãoResumo
O artigo analisa o impacto do analfabetismo funcional digital na aprendizagem durante a pandemia de Covid-19 no Brasil (2020–2021), diferenciando-o conceitualmente da exclusão digital. Mediante revisão bibliográfica narrativa (2020–2024), articulam-se evidências de relatórios institucionais (CGI.br/CETIC.br, UNICEF, OECD/PISA) e artigos revisados por pares sobre ensino remoto emergencial, letramento digital e práticas docentes. Os resultados indicam que barreiras de acesso conectividade instável, falta de dispositivos e desigualdades por renda e território inviabilizaram a participação de milhões de estudantes. Analfabetismo digital é a ausência de conhecimento técnico e crítico sobre informações digitais. Entre os conectados, limitações de proficiência digital e letramento informacional (dificuldade em diferenciar fatos de opiniões, realizar curadoria e verificação de informações) reduziram a efetividade do estudo autônomo e das atividades online. No plano docente, lacunas em desenho instrucional, mediação e avaliação no contexto digital comprometeram a aprendizagem, especialmente quando ocorreu mera transposição do presencial para o remoto. O acesso é condição necessária, mas proficiência digital e desenho pedagógico constituem condições indispensáveis para aprendizagem significativa. Recomenda-se a integração de políticas de conectividade e dispositivos com formação continuada docente e desenvolvimento de competências digitais críticas nos currículos, além de monitoramento de efeitos de médio prazo sobre desempenho e equidade.
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